Governo desafina discurso e afeta a cotação do dólar.
Mantega e Dilma falam, e câmbio, que estava em baixa, começa a subir, levando o BC a leiloar moeda estrangeira. Dólar abriu o dia em queda de 2%, mas subiu de R$ 2,13 para R$ 2,15 em 20 minutos, após declaração da presidente
O dia era de baixa do dólar, após o governo zerar na véspera o IOF (Imposto de Operações Financeiras) para estrangeiros, mas eis que surgem o ministro Guido Mantega e depois a própria presidente Dilma Rousseff para falar que o governo não adota medidas para conter a taxa de câmbio e que o dólar não será usado contra a inflação.
"Eu queria informar que este país adota o regime de câmbio flexível", afirmou Dilma, durante um evento sobre o ambiente.
Bastou para a cotação do dólar subir de R$ 2,13 para R$ 2,15, em 20 minutos.
Isso levou o Banco Central a intervir para frear a alta do dólar, com operações que equivalem à venda de dólar no mercado futuro.
O discurso também elevou as taxas de juros negociadas no mercado de títulos.
Para analistas, a sinalização é que, se o governo não pretende usar o câmbio como instrumento para baixar a inflação, a saída será elevar ainda mais os juros, hoje em 8% ao ano.
As taxas negociadas para janeiro de 2014 saltaram de 8,45% para 8,5% ao ano, e as de janeiro de 2017, de 8,69% para 9,84% ao ano.
"Não me lembro de o presidente Lula falar sobre câmbio num dia como esses. Ele tinha o bom senso de não se pronunciar nesses momentos. A impressão que passa é que o governo está com o discurso completamente desafinado", disse Mario Batistel, gerente de câmbio da corretora Fair Trade.
Antes da presidente, o ministro Guido Mantega (Fazenda) havia feito comentários que mudaram o rumo da cotação do dólar.
A moeda americana, que abriu o dia em queda de 2%, começou a subir depois que o ministro disse que a redução do IOF para investimentos estrangeiros é uma medida de "longo prazo" e que o câmbio não será usado contra a inflação.
"Inflação é combatida de outra maneira. É bom que se diga que ela está caindo. Por exemplo, os preços dos alimentos estão todos caindo. A safra começou", disse. "Daqui para a frente, a inflação será cada vez menor."
Os dois pronunciamentos fizeram com que a cotação do dólar à vista tivesse um dia de forte volatilidade (variou quase 3%) e fechou em R$ 2,133, queda de 0,59%.
O dólar comercial encerrou o dia em R$ 2,131, praticamente estável.
No exterior, moedas como as da África do Sul, do Chile e do México fecharam em queda, sob apreensão dos dados de emprego nos EUA amanhã, termômetro da retomada da economia.
06 de junho de 2013
TONI SCIARRETTA e MARIANA CARNEIRO - FOLHA DE SÃO PAULO
"Eu queria informar que este país adota o regime de câmbio flexível", afirmou Dilma, durante um evento sobre o ambiente.
Bastou para a cotação do dólar subir de R$ 2,13 para R$ 2,15, em 20 minutos.
Isso levou o Banco Central a intervir para frear a alta do dólar, com operações que equivalem à venda de dólar no mercado futuro.
O discurso também elevou as taxas de juros negociadas no mercado de títulos.
Para analistas, a sinalização é que, se o governo não pretende usar o câmbio como instrumento para baixar a inflação, a saída será elevar ainda mais os juros, hoje em 8% ao ano.
As taxas negociadas para janeiro de 2014 saltaram de 8,45% para 8,5% ao ano, e as de janeiro de 2017, de 8,69% para 9,84% ao ano.
"Não me lembro de o presidente Lula falar sobre câmbio num dia como esses. Ele tinha o bom senso de não se pronunciar nesses momentos. A impressão que passa é que o governo está com o discurso completamente desafinado", disse Mario Batistel, gerente de câmbio da corretora Fair Trade.
Antes da presidente, o ministro Guido Mantega (Fazenda) havia feito comentários que mudaram o rumo da cotação do dólar.
A moeda americana, que abriu o dia em queda de 2%, começou a subir depois que o ministro disse que a redução do IOF para investimentos estrangeiros é uma medida de "longo prazo" e que o câmbio não será usado contra a inflação.
"Inflação é combatida de outra maneira. É bom que se diga que ela está caindo. Por exemplo, os preços dos alimentos estão todos caindo. A safra começou", disse. "Daqui para a frente, a inflação será cada vez menor."
Os dois pronunciamentos fizeram com que a cotação do dólar à vista tivesse um dia de forte volatilidade (variou quase 3%) e fechou em R$ 2,133, queda de 0,59%.
O dólar comercial encerrou o dia em R$ 2,131, praticamente estável.
No exterior, moedas como as da África do Sul, do Chile e do México fecharam em queda, sob apreensão dos dados de emprego nos EUA amanhã, termômetro da retomada da economia.
06 de junho de 2013
TONI SCIARRETTA e MARIANA CARNEIRO - FOLHA DE SÃO PAULO
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