A votação ontem (22/05) da nova lei de drogas me fez perceber o quanto nossos legisladores estão longe da realidade dura de uma sociedade minada pelo alto consumo de drogas e de toda a violência que segue esse cortejo maldito.
O único ponto positivo foi a efetivação da internação involuntária. É um erro afirmar que alguém destruído psicologicamente pelo consumo pesado de drogas, estará apto a pedir ajuda ou mesmo disporá da clareza de pensamento necessária para recusar tratamento para seu vício descontrolado.
A internação involuntária se comprovou eficaz e salvou parte desses farrapos humanos criados pelo consumo de crack no Rio de Janeiro. Quando foi corajosamente iniciada pela prefeitura local (muito mais como forma de eliminar as hordas de viciados das ruas), a internação compulsória gerou inúmeros protestos.
Logo os “especialistas” compareceram em massa para dizer que não haveria resultados positivos da iniciativa porque o usuário não tinha “vontade” de se tratar e retornaria ao vício na primeira oportunidade. Os resultados, contudo, foram bem diferentes. Grande parte dos internados compulsoriamente deixou de ser um problema para suas famílias e para a comunidade. Muitos recaíram (o que é esperado em qualquer tratamento de drogados), mas muitos mais vivem de forma produtiva hoje.
O grande problema deste círculo é que sempre haverá os “especialistas”; gente que ganha muito dinheiro com o caos provocado pelas drogas e anseia manter a torneira dos recursos públicos aberta para suas ONG’s de fachada, clínicas caça-níqueis ou mesmo empresas que faturam alto com a desgraça dos outros.
Exatamente como acontece no caso dos menores infratores, atacar as drogas reprimindo a oferta e a demanda trará grandes prejuízos para muita “gente boa” que faz fortuna com “status quo” e com a pregação demagógica de que o usuário é um doente que não sabe o que faz.
Por isso, mudei minha forma de encarar a legalização das drogas. Antes veemente contra; hoje acho que elas deveriam ser legalizadas. Mas, apenas para consumo doméstico.
Ao mesmo tempo, acho que o usuário deveria ser pesadamente punido pela posse ou consumo de drogas e em vias públicas ou por dirigir sob a influência delas. Penso que uma medida administrativa (sem prisão) poderia ser aplicada na primeira infração (desde que não resultasse em vítimas) e, em caso de reincidência, dar a escolha entre tratamento e prisão ao viciado. Isso até certo ponto, em casos contumazes, levar o usuário a prisão onde receberia tratamento compulsório.
Isso acabaria com o incômodo que o usuário causa a sociedade e permitiria a ele dar vazão a sua necessidade por drogas sem por em risco a vida de ninguém e a sua própria. No recesso de seu lar, cada um faz o que quer e vive a vida que desejar para si.
Mas, isso jamais passaria pelo Congresso não é mesmo? Afinal de contas, muitos parlamentares fizeram fortuna no tráfico, são financiados por ele, são donos ou interessados em clínicas de reabilitação ou são eles mesmos usuários assíduos de um “tapinha na pantera”; logo, poderiam ser vítimas dos resultados de uma medida assim.
Exatamente como no caso dos menores infratores, para muitos em nosso país, a visão paternalista do drogado é muito rentável e algo a ser defendido com unhas e dentes.
E a sociedade?
Ora, a sociedade que se dane.
E você, o que pensa disso?
06 de junho de 2013
arthurius maximus
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