O jornalista italiano Andréa Sorrentino escreveu um artigo no jornal La Repubblica (19/6), sobre as manifestações no Brasil, que traduzi e segue abaixo:
“O Brasil indignado rebela-se contra o futebol. Os de SP passaram a noite entre 2ª e 3ª feira defronte o Palácio dos Bandeirantes. Confronto durante longas horas. De manhã, tomaram seu café preto e forte, oferecendo a quem passasse por lá, antes de começar mais um dia de protestos e confrontos.
Dilma Roussef, do grupo guerrilheiro da década de 1970, que embalava seu rifle contra a ditadura militar e agora é o oposto, uma vez que se senta no trono do Planalto. Escolhendo bem as palavras, diz, enquanto toma seu cafezinho:
“Hoje, o Brasil acordou Mais Forte. Os eventos testemunham o poder da nossa democracia e a força que pode ter a voz das ruas, a civilização do nosso povo. Infelizmente, tem havido casos isolados de violência destrutiva, certamente condenáveis “.
Mas o Brasil inteiro está em crise. As manifestações ocorrem, mais ou menos pacificamente, em 26 cidades. Uma inesquecível 2ª feira. Cem mil em marcha no Rio, vestidos de branco, com intenções Ghandianas mas, alguns selvagens e outros anarquistas ateiam fogo em lojas e escritórios públicos.
A polícia usa balas de borracha e alguns atiram balas reais para cima. Em Brasília milhares demonstram seu protesto na frente do Palácio do Planalto, até que sobem na cobertura do Congresso Nacional. Em Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, Belém, Curitiba. Mais de 250 mil brasileiros na praça, no meio da Copa das Confederações e um ano antes da Copa do Mundo. Não vimos tantos desde 1992, quando o povo se levantou contra o presidente Collor. E a ONU quer investigação sobre os abusos cometidos pela polícia brasileira.
E dizer que tudo começou como uma questão de vinte centavos de real (cerca de 7 centavos de Euro). Em SP, decidiu-se reduzir a tarifa de ônibus. Mas o povo estava furioso. Porque o transporte público é uma vergonha, com muitos levando 4 horas para chegar em casa pelo tráfego assustador. Começou na 5ª feira 13.
De repente a faísca tornou-se uma chama, e depois uma fogueira. Manifestantes queimaram dezenas de pneus em frente ao estádio de Brasília, o Mané Garrincha. Explode o desconforto reprimido nesses anos de grande crescimento econômico.
Mas os problemas para os pobres e classe média continuam ombro a ombro, com a crise chegando com a inflação atingindo níveis perigosos. Isso disseram os manifestantes em Brasília, com o gasto absurdo em estádios. 2 bilhões de Euro que poderiam ser investidos em escolas e serviços de saúde, ou para resolver o problema da violência nos subúrbios. Pedem o fim da corrupção massiva nos meios políticos.
No começo da copa, sábado 15, Dilma Roussef foi vaiada 3 vezes no estádio de Brasilia. É o sinal apreendido em todo o Brasil e explode nos distúrbios de 2ª feira, 17. O futebol é, de certa forma o fulcro da história, porque os olhos do mundo estão no Brasil e é a ocasião perfeita.
Uma frase coletada, “não queremos ser apenas uma terra de sol e bom futebol. Não nos interessa mais. Queremos ser um país moderno, em sintonia com o resto do mundo. Queremos mais direitos, educação, civilização“.
Parece totalmente espontânea, como se uma represa se rompesse de repente. Não há um lider identificável. Se juntam a eles sindicatos, partidos de esquerda, anarquistas e o grupo de meninos negros, para os quais a destruição de bens materiais é reação legítima à repressão da polícia.
Mas 80% dos manifestantes se declaram alheios a partidos. “Nenhum partido” é o slogan favorito. Há também “desculpas pelo transtorno, estamos mudando o país”. E desde o início Dilma os chama de vândalos. E dizia, poucos meses atrás, “que eramos eleitores; agora somos vândalos”.
Dilma diz “estamos ouvindo o país”, garante. Enquanto isso, voa para SP para ouvir os conselhos do ex-presidente Lula.
Pois é, comento: Humpf! Temos uma “presidenta” descarada. Os petralhas enfiaram os pés e as mãos no lodo. Secou, e agora não podem tirar. E a coisa parece que vai ficar mais feia para os quadrúpedes. Estou me lembrando, não sei porque, dos corpos de Benito Mussolini e Clara Petacci, capturados e executados perto do Lago de Como, depois pendurados de cabeça para baixo em um posto de gasolina em Milão, no final de Abril de 1945, para que os italianos tivessem certeza que estavam mortos.
Como dizem que a História pode se repetir, agora, provavelmente, ela vai chamar as Forças Armadas para controlar o povo. O rabo pegou fogo…
21 de junho de 2013
Magu
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