"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 21 de junho de 2013

OBESIDADE COM O DINHEIRO PÚBLICO

 



Se o governo está pagando pela sua comida, tem direito de dizer o que você vai comer? É papel do governo determinar se sua escolha alimentar é saudável ou não?

Sob o argumento de prevenir o crescimento da obesidade no país, o prefeito de Seattle e de mais 17 cidades dos Estados Unidos estão querendo limitar ainda mais o uso do vale-alimentação federal daqui, apelidado de food stamp, para impedir a compra de refrigerantes e outras bebidas artificiais com alto teor de açúcar.

Esta seria uma tentativa de frear o desenvolvimento de doenças relacionadas a má alimentação entre os participantes do programa.

Os beneficiários incluem pessoas sem renda ou de baixa renda que recebem uma média de US$ 135 por mês como auxílio para suplemento nutricional. Ora, se o programa é baseado em nutrição, claramente refrigerante não é o melhor item na cesta de compras.

O benefício já não pode ser usado para comprar bebida alcoólica, cigarros, comida quente (como em lanchonetes) e outros itens que não são considerados saudáveis.

A proposta dos prefeitos coincide com a decisão da Associação de Medicina dos Estados Unidos, a American Medical Association, de enquadrar a obesidade como uma doença. Isso dá um novo peso à necessidade de tratamento e prevenção. Obesidade é, mais do que nunca, problema de saúde pública.




Os críticos à mudança nos food stamps estão colocando esta iniciativa no mesmo rol da decisão da prefeitura de Nova Iorque de limitar o tamanho do copo de refrigerante vendido na cidade. A diferença é que, então, Michael Bloomberg estava metendo o dedo no direito individual do cidadão de fazer o que quiser com o seu dinheiro, mesmo que impacte negativamente sua saúde.

No caso dos food stamps, trata-se de dinheiro do contribuinte que pode estar sendo usado para potencialmente contribuir para um estilo de vida não saudável.

Cerca de 50 milhões de pessoas são beneficiárias do programa e a obesidade já atinge 100 milhões dos americanos adultos. Ou seja, um terço da população. Isso gera cerca de US$ 147 bilhões de custos com despesas médicas.

É ou não é pra se preocupar?

21 de junho de 2013
Melissa de Andrade é jornalista com mestrado em Negócios Digitais no Reino Unido

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