O Governo do PT-PMDB ainda não acabou. Mas a governabilidade já está seriamente comprometida. As grandes manifestações de massa, aparentemente “sem controle”, transformaram o Inverno Brasileiro em um inferno político para os integrantes do Governo do Crime Organizado. Mas o jogo só vai mudar mesmo na hora em que o cidadão-eleitor-contribuinte parar de apenas gritar contra os problemas causados pelos três poderes. É preciso que lideranças orgânicas tenham chance e coragem de lutar para implantar soluções efetivas que transformem o Brasil uma Nação de verdade.
Luiz Inácio Lula da Silva deve estar chorando a perda do monopólio de mobilização das massas que lhe conferia legitimidade e poder político efetivo. Sob tensão máxima, com previsão de agravamento de problemas econômicos gerados pela alta do Dólar e o altíssimo risco de fuga de capitais do Brasil, a Presidenta Dilma Rousseff comanda, a partir das 9h 30min da manhã, uma reunião de emergência do seu “Gabinete de Crise” – que deve se tornar uma dor de cabeça permanente até a saída efetiva do poder.
Existe o risco até de Dilma ser obrigada a falar em cadeia nacional de rádio e televisão sobre as manifestações. O marketeiro petista João Santana, até agora, vinha desaconselhando essa tática. O perigo é que Dilma acabasse chamando para si própria toda a responsabilidade sobre as broncas que alimentam os protestos sem fim. Este é o maior temor dos analistas do governo.
Abatida pela vaia na abertura da Copa das Confederações e preocupada com sua queda de popularidade nas pesquisas, Dilma pode até convocar o Conselho da República para gerenciar a crise.
A ordem é por um fim às manifestações, com uma repressão que não causa vítimas fatais – que podem ser transformadas em mártires. O problema (nada simples de resolver) é como parar com o movimento...
A partir de agora, pela mobilização via internet e a presença do povo nas ruas, muita coisa no Brasil será resolvida na base da pressão de opinião pública.
A tão sonhada “democracia direta” se torna realidade no Brasil graças ao Facebook, o Twitter, o YouTube, o Instagram e outras redes sociais “menos votadas”.
O mundo virtual deu voz no mundo real aos indivíduos que se mobilizaram (e/ou foram mobilizados). E a massa nas ruas consegue acuar os governantes acostumados ao sistema autoritário de poder que sempre vigorou em nossa História.
O Inverno Brasileiro esquentou ainda mais ontem graças ao apoio midiático da Rede Globo. Sempre que seus controladores percebem um jeito efetivo de coagir os governos, a Globo coloca toda sua máquina em ação. Mexe até na imutável grade de programação. Ontem, a emissora líder de audiência deixou de exibir suas novelas “Flor do Caribe” e “Sangue Bom”.
A prioridade foi mostrar ao vivo as passeatas no Rio de Janeiro e a manifestação em Brasília. William Bonner nem precisou “editar” o Jornal Nacional porque “os fatos se sucediam ao sabor do momento”...
Ninguém duvida que os petralhas e seus comparsas político-empresariais estão desarvorados e abalados psicologicamente com o movimento que ainda não se sabe, com precisão política, onde vai desaguar. Mas uma importante questão a ficar clara é: quem se beneficia, no curto prazo, deste fenômeno de pressão de massas para forçar uma chamada “democracia direta”?
A resposta inicial seria: a esquerda revolucionária e sua ideologia. Só que tem uma ressalva fundamental. Curiosamente, no Inverno Brasileiro, os partidos políticos (inclusive os de esquerda) sofrem um esvaziamento imediato imposto pela massa protestante.
Nas passeatas, partidos ou grupos aparelhados pela esquerda (como a CUT e a UNE) foram impedidos de se manifestar. Chegou-se a queimar bandeiras do PT e PC do B.
Mas é fundamental frisar. Se os partidos esquerdistas estão com o filme queimado, a ideologia de esquerda que motivou todo esse movimento nunca esteve tão vitoriosa. É preciso lembrar que a mobilização inicial para a onda de protestos foi organizada por partidos ligados à chamada Quarta Internacional Socialista.
Há muito eles tentavam mobilizações de protesto, até que o aumento da passagem de ônibus em grandes capitais (principalmente São Paulo) serviu de foco concreto e imediato para a gritaria.
O diferencial do Inverno Brasileiro é que a esquerda radical teve roubado o comando das operações de ações psicológicas urbanas.
Como as passeatas tiveram visibilidade, porque jornalistas acabaram “vítimas” da repressão policial, os protestos foram difundidos e ganharam a adesão dos indivíduos transformados tecnologicamente em massa nas redes sociais.
A partir daí, bastou uma velha “ordem unida” para transformar a maioria em uma torcida organizada contra os governos e os políticos, com “direito” a invasão do campo (as ruas).
O movimento das ruas tende à radicalização no curto prazo. Atos de vandalismo são previsíveis – como a tentativa de invasão do Itamaraty, em Brasília. Também é bem provável a violência estatal – a exemplo do que ocorreu ontem no Rio de Janeiro, onde a tropa de choque da Polícia Militar foi claramente escalada pelo governador Serginho Cabral para baixar o pau nos manifestantes, em agressões gratuitas, que foram filmadas e exibidas nas redes sociais.
Como é mau costume histórico no Brasil, a chamada questão social volta a ser uma questão de polícia – como se criticava na década de 20 do século passado, quando foi concebida tal expressão – e não uma questão prioritariamente de política.
A péssima condução do processo pelos políticos – como parece bem previsível – pode abrir espaço para uma ruptura institucional – que pode até interessar a quem realmente manda no Brasil.
Devemos sempre lembrar que o Brasil é uma rica colônia de exploração mantida artificialmente na miséria pelos poderes globalitários. E isto não é “teoria da conspiração”, mas sim a conspiração na prática contra o Brasil. Quem dirige nosso destino não é o governo e muito menos a massa que agora protesta nas ruas.
O País é controlado de fora para dentro pelos interesses, necessidades e vontades da Oligarquia Financeira Transnacional. São os controladores do mundo globalizado quem patrocinam nossos principais políticos, financiam os principais partidos e colocam e tiram “nossos” dirigentes na hora que convém.
Aparentemente, o Poder Real Mundial quer substituir o PT-PMDB por outro grupo de sua confiança – que pode ser a aliança PSDB, PSB, Rede, Solidariedade e Movimento.
Por esta lógica, a chapa presidencial para enfrentar Dilma Rousseff (ou seu chefão Lula da Silva, que corre risco de ser obrigado a entrar no páreo) seria formada encabeçada por Aécio Neves, com grandes chances de ter Eduardo Campos como vice.
Claro, tal previsão de disputa eleitoral vai depender no que pode redundar o processo presente de radicalização com a massa nas ruas. Se no curto prazo o processo deve se radicalizar, no médio e longo, precisará dar uma amenizada.
O descontrole e a radicalização, em princípio, não atendem aos interesses da Oligarquia Globalitária.
Existe o risco de tal processo fugir até do controle dos nossos “controladores”? Existe, sim. Mas vai depender de uma reação patriótica muito efetiva – e que ainda não se mostra devida e claramente organizada para um processo de tomada do poder com manutenção estável.
Neste Inverno Brasileiro de muita bronca e poucas certezas, uma coisa parece certa. Para o governo e seus políticos, a fase é de “esfíncter em contração máxima”.
O que vem pela frente ainda é imprevisível e pode até ser surpreendente. Para o bem ou para o mal do Brasil e dos brasileiros...
Sem causa, mas com efeito
Do fotógrafo e cineasta Carlos Ebert, uma importante reflexão para a torcida brasileira:
“Para essa canalha, a Copa do Mundo ia ser a cereja no topo do bolo da dominação e do controle social sobre o Povo Brasileiro. Deu zebra. A reação veio antes da ação. A lei da causalidade faiou...”
Ainda bem que a petralhada também é craque em fazer gol contra...
Recado das Legiões
Os presidentes dos três “Clubes Militares” liberaram ontem a seguinte interpretação sobre o “Inverno Brasileiro”, citando até um verso que ficou famoso na música “pra não dizer que não falei das flores, de Geraldo Vandré, que foi muito usada na propaganda contra o regime militar de 1964:
“A leitura que os Clubes Naval, Militar e de Aeronáutica fazem das recentes manifestações populares é que elas expressam, majoritariamente, o grito daqueles que estão indignados com o descaso e, às vezes, com a conivência das autoridades governamentais, no que diz respeito às legítimas aspirações da sociedade, ressalvado o perigoso aproveitamento por segmentos radicais que buscam interesses inconfessáveis”.
“A leitura que os Clubes Naval, Militar e de Aeronáutica fazem das recentes manifestações populares é que elas expressam, majoritariamente, o grito daqueles que estão indignados com o descaso e, às vezes, com a conivência das autoridades governamentais, no que diz respeito às legítimas aspirações da sociedade, ressalvado o perigoso aproveitamento por segmentos radicais que buscam interesses inconfessáveis”.
“Quando o povo se convence de que antigos vícios e omissões se repetem, impunemente, percebe que é chegada a hora de se manifestar clamorosamente. Não mais aceita ser conduzido, resignadamente, como grupo ingênuo. Obriga-se a dar um basta à impostura e à impunidade.
Estaremos sempre atentos e acompanharemos a evolução dos fatos.
“Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.
Assinam a nota o Presidente do Clube Naval - V Alte Paulo Frederico Soriano Dobbin , o Presidente do Clube Militar - Gen Ex Renato César Tibau da Costa, e o Presidente do Clube de Aeronáutica - Ten Brig Ivan Moacyr da Frota.
Sonho ou pesadelo?
Durante a passeata de ontem pelas ruas de Recife, uma cena chamou a atenção de todos.
Um músico tocava o hino nacional em um violino da sacada de um prédio, enquanto sua mulher exibia o cartaz com os dizeres: “O gigante acordou”.
Ainda não dá para ter certeza absoluta de que o “Gigante acordou”.
Até porque o pesadelo corre o risco de ser maior do que a gente imagina...
Bobo da Corte
Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.
21 de junho de 2013Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.
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