JULGAMENTO ESQUENTA O DEBATE NO CONGRESSO
Às vésperas do seu mais importante julgamento, que pode se transformar
num marco contra a impunidade de políticos no país, Supremo reforça segurança,
promove limpeza no prédio e instala detector de metais.
É tudo verdade? 600 testemunhas do processo confirmam maior parte das
denúncias de Jefferson.
Andamento do caso no STF vai elevar o tom das disputas entre o PT e o
PSDB na CPI do Cachoeira.
Thomaz Bastos abandona defesa de bicheiro para dar assistência
jurídica a três réus do mensalão.
Análise do mensalão no STF vai influenciar os embates entre PT e PSDB
na CPI do Cachoeira
A temperatura política da CPI do Cachoeira, que retoma os trabalhos na
terça-feira da próxima semana, vai subir com o início do julgamento do mensalão.
As
disputas partidárias, principalmente entre PT e PSDB, serão ainda mais
evidentes do que no primeiro semestre. Resultado: o trabalho investigativo deve
mais uma vez ficar em segundo plano. Integrantes da comissão avaliam que o ritmo
da CPI e a escolha dos requerimentos a serem apreciados e votados estarão
ligados diretamente ao andamento do julgamento, que vai ocorrer no Supremo
Tribunal Federal (STF).
O senador Alvaro Dias (PSDB-PR), principal voz oposicionista na CPI do
Cachoeira, atesta que a briga entre governo e oposição será potencializada. "É
inegável que a CPI tem relação direta com o mensalão. A temperatura deve se
elevar, sim." Para o senador, o comando da comissão vai criar fatos com o
objetivo de tentar mudar o foco. "Não tenho nenhuma dúvida. A relatoria já vinha
selecionando os alvos. Há também alguns bloqueios em relação às informações que
chegam à comissão." Nos bastidores, há rumores de que a relatoria deve protelar
os depoimentos do dono da empresa Delta, Fernando Cavendish, e de Luiz Antônio
Pagot, ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
(Dnit).
O deputado federal Rubens Bueno (PPS-PR) avalia que o clima do
julgamento irá tomar conta da CPI. "É um episódio histórico. É evidente que vai
se refletir nos trabalhos da comissão. Não tem como não chegar à CPI, mas o
importante é que a comissão vai funcionar normalmente." O parlamentar aproveitou
a ocasião para cobrar novamente a criação de subcomissões. "Por que há tanto
poder na mão de uma pessoa? Tudo isso poderia ser evitado", questionou.
O presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), reagiu e
declarou que o julgamento não irá interferir nos trabalhos investigativos. "Não
há nenhuma relação entre a CPI e o mensalão. São pautas diferentes e estruturas
diferentes. Não há vasos comunicantes entre ambos. A agenda da CPI vai seguir
seu rumo da mesma forma que a agenda do mensalão também. Elas não estão
atreladas. Nunca houve nenhuma interferência na CPI em decorrência do
julgamento. Não há causa e efeito entre elas", assegurou.
Depoimentos
A grande expectativa, no retorno da comissão, é em relação à reunião
administrativa marcada para 14 de agosto. A reconvocação do governador de Goiás,
Marconi Perillo (PSDB), tem chances de ser aprovada. Em 7 de agosto, a mulher de
Carlinhos Cachoeira, Andressa Mendonça, será ouvida. No mesmo dia, a comissão
também irá fazer a oitiva do policial federal aposentado Joaquim Gomes Thomé
Neto, suspeito de realizar escutas clandestinas para a organização criminosa
chefiada pelo contraventor.
Um dia depois, a CPI vai ouvir a ex-mulher de Cachoeira Andréa Aprígio
e Rubmaier Ferreira de Carvalho. Ele é contador de várias empresas fantasmas do
esquema que receberam cerca de R$ 30 milhões em depósitos realizados pela
empreiteira Delta, no foco do escândalo. Hoje, a presidência da comissão vai
divulgar os nomes de mais dois depoentes. Eles vão comparecer à CPI em 15 de
agosto.
Correio Braziliense (DF) - 01/08/2012
JOÃO VALADARES
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