O passado não passa. Antes de começar a Olimpíada, escrevi que o Brasil era o
maior favorito na disputa do futebol masculino, por causa da maneira de jogar,
diferente dos times brasileiros e, principalmente, por ser quase a seleção
principal. Após a segunda rodada, ao ver todas as equipes, aumentou minha
convicção. Obviamente, nem sempre ganha o favorito.
Posso também estar enganado. Em uma competição, com frequência, um time goleia e dá show no início, encanta, mas, depois, perde o jogo decisivo.
O Brasil, criticado por não ter feito um planejamento para a Olimpíada, é, coletivamente, o melhor time até agora. Muitas outras seleções parecem um ajuntamento de última hora.
Os que não conheciam Neymar devem ter ficado deslumbrados após o jogo contra Belarus. Os que já o tinham visto jogar mal, pela seleção principal, contra fortes equipes, e pelo Santos, contra Corinthians e Vélez, devem ter se perguntado:
“Quero ver Neymar driblar tanto contra times melhores”. Penso que isso é questão de tempo.
Neymar precisa aprender a brilhar sem depender tanto dos dribles. Quando enfrenta times fracos, mostra seu imenso e fascinante repertório. Contra times fortes, tenta fazer o mesmo e, com frequência, não consegue. Já Oscar, que está longe de ter o talento individual de Neymar, é capaz, pelo seu estilo, de jogar muito bem contra qualquer adversário.
Uma das qualidades da seleção é não ter um único meia de ligação, clássico, responsável pela criação de jogadas, uma obsessão dos treinadores brasileiros. Oscar, Hulk e Neymar são meias e atacantes, armam e fazem gols. Oscar, às vezes, é um terceiro volante, pois volta para marcar ao lado dos outros dois. Lucas deve jogar a partida de hoje.
Quase todas as grandes e/ou vencedoras equipes, como as seleções brasileiras de 1958, 1962, 1970, 1982, 1994 e 2002, o Santos de Pelé, o Barcelona de Messi e outros, não têm um clássico meia de ligação.
Não se deve confundir o atual meia, como Deco, Ronaldinho e Ganso, que jogam em pequenos espaços, entre o meio e o ataque, e que não participam da marcação, com os meias armadores, como Gerson, Didi, Rivelino, Ademir da Guia, Dirceu Lopes, Xavi e Iniesta, que jogam de uma intermediária à outra, marcam e avançam.
Os atuais meias são também diferentes dos antigos pontas de lança, como Pelé, Zico, Sócrates e Rivaldo, que eram atacantes, artilheiros, e que voltavam ao meio-campo só para receber a bola livre.
O passado existe para ser lembrado, para ajudar a compreender o presente e para pensar o futuro. O passado continua presente. O passado não passa.
Tostão (Jornal O Tempo)
01 de agosto de 2012
Posso também estar enganado. Em uma competição, com frequência, um time goleia e dá show no início, encanta, mas, depois, perde o jogo decisivo.
O Brasil, criticado por não ter feito um planejamento para a Olimpíada, é, coletivamente, o melhor time até agora. Muitas outras seleções parecem um ajuntamento de última hora.
Os que não conheciam Neymar devem ter ficado deslumbrados após o jogo contra Belarus. Os que já o tinham visto jogar mal, pela seleção principal, contra fortes equipes, e pelo Santos, contra Corinthians e Vélez, devem ter se perguntado:
“Quero ver Neymar driblar tanto contra times melhores”. Penso que isso é questão de tempo.
Neymar precisa aprender a brilhar sem depender tanto dos dribles. Quando enfrenta times fracos, mostra seu imenso e fascinante repertório. Contra times fortes, tenta fazer o mesmo e, com frequência, não consegue. Já Oscar, que está longe de ter o talento individual de Neymar, é capaz, pelo seu estilo, de jogar muito bem contra qualquer adversário.
Uma das qualidades da seleção é não ter um único meia de ligação, clássico, responsável pela criação de jogadas, uma obsessão dos treinadores brasileiros. Oscar, Hulk e Neymar são meias e atacantes, armam e fazem gols. Oscar, às vezes, é um terceiro volante, pois volta para marcar ao lado dos outros dois. Lucas deve jogar a partida de hoje.
Quase todas as grandes e/ou vencedoras equipes, como as seleções brasileiras de 1958, 1962, 1970, 1982, 1994 e 2002, o Santos de Pelé, o Barcelona de Messi e outros, não têm um clássico meia de ligação.
Não se deve confundir o atual meia, como Deco, Ronaldinho e Ganso, que jogam em pequenos espaços, entre o meio e o ataque, e que não participam da marcação, com os meias armadores, como Gerson, Didi, Rivelino, Ademir da Guia, Dirceu Lopes, Xavi e Iniesta, que jogam de uma intermediária à outra, marcam e avançam.
Os atuais meias são também diferentes dos antigos pontas de lança, como Pelé, Zico, Sócrates e Rivaldo, que eram atacantes, artilheiros, e que voltavam ao meio-campo só para receber a bola livre.
O passado existe para ser lembrado, para ajudar a compreender o presente e para pensar o futuro. O passado continua presente. O passado não passa.
Tostão (Jornal O Tempo)
01 de agosto de 2012
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