Destaque para os julgadores: dos 11 integrantes da Corte, oito foram
indicados por Dilma e Lula
A mais alta Corte do país vive momentos de pressão. Jurídica,
política, ética e social. Em dois dias, o Supremo Tribunal Federal (STF) começa
a julgar um caso que transcende a letra fria da lei. Apesar da presunção de
imparcialidade, o passado e as relações pessoais dos ministros dão margem para
questionamentos sobre o veredicto que apontará o destino dos 38 réus do
mensalão.
Na análise da ação penal 470, que trata do suposto esquema de compra
de parlamentares durante o governo Lula, é difícil separar o caráter técnico do
julgamento da influência política. As tentativas de interferência externa
acompanham a própria tramitação do processo, que ameaça punir líderes históricos
do PT, como o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e o ex-presidente do partido
José Genoino.
Em 2007, quando o STF acatou a denúncia, Ricardo Lewandowski foi
flagrado pelo jornal Folha de S.Paulo desabafando com um amigo ao telefone.
Segundo ele, o Supremo havia analisado o caso com "a faca no pescoço" e que a
tendência na Corte era "amaciar para Dirceu".
Em 2012, Lewandowski trocou farpas com Ayres Britto, ao ser cobrado
por mais agilidade na conclusão da revisão do processo. A entrega no fim de
junho assegurou o começo do julgamento para antes das eleições municipais. A
disputa eleitoral também criou polêmica entre o ministro Gilmar Mendes,
advogado-geral da União no governo FH, e o ex-presidente Lula.
Neste fim de semana, Mendes foi envolvido em outra controvérsia. A
revista Carta Capital citou a existência de um documento, que teria sido
produzido por Marcos Valério, que indica um suposto repasse de R$ 185 mil a
Mendes no tempo em que ele chefiou a Advocacia-Geral da União (AGU). Valério
negou a autenticidade do documento. Mendes classificou a reportagem como
"absurda" e disse que irá processar a revista.
A influência do Planalto no Supremo carrega vício de origem, já que os
ministros são nomeados pelo presidente da República, mediante avaliação do
Senado. Dos atuais 11 integrantes da Corte, oito vestiram a toga com a bênção de
Lula ou de Dilma Rousseff.
— A ferramenta de escolha dos ministros é passível de crítica, mas,
por estar sendo vigiado pela opinião pública, o STF deve ser muito rigoroso na
análise das provas e denúncias — sustenta Roberto Baptista Dias da Silva, doutor
em Direito Constitucional e professor da PUC-SP.
Dos integrantes da cúpula do Judiciário, quem vive situação mais
incômoda é Dias Toffoli. Sua carreira de advogado evoluiu atrelada ao PT. Foi
consultor jurídico da CUT, advogado do partido e advogado-geral da União no
governo Lula. Sua companheira também já defendeu um dos réus no mensalão. As
relações do ministro podem forçar-lhe a se dizer impedido de participar do
julgamento.
Ao analisar as biografias dos ministros e o impacto político do
julgamento, o professor da UnB e ex-integrante do Conselho Nacional de Justiça
(CNJ), Marcelo Neves, acha difícil o STF escapar das críticas. Se absolver os
réus, apanhará da opinião pública. Se condená-los, será questionado por
políticos por ter decidido sob pressão, sem a autonomia esperada.
— Qualquer decisão será difícil de justificar — aponta Neves.
Zero Hora (RS) - 31/07/2012
Guilherme Mazui
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Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
quarta-feira, 1 de agosto de 2012
OS JUÍZES E SUAS CIRCUNSTANCIAS: O QUE ENVOLVE OS MINISTROS DO SUPREMO
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