Mesmo inscrito no rol dos réus do mensalão, o ex-ministro da Casa
Civil promove articulações do PT com partidos aliados e influencia até na
relação da base com o governo
Principal réu no caso do mensalão, o ex-ministro da Casa Civil José
Dirceu não abandonou as articulações políticas e as conversas sobre as eleições
e a relação do governo Dilma Rousseff com a base aliada no Congresso Nacional.
Na última semana, fez questão de procurar o vice-presidente do PSB, Roberto
Amaral, para tentar diminuir os atritos entre pessebistas e petistas em virtude
das disputas municipais. Também mantém um canal de interlocução com o PMDB,
maior partido na coalizão governista e com o PCdoB, que indicou o vice na chapa
de Fernando Haddad.
No encontro com Amaral, Dirceu fez questão de diminuir a fervura nas
declarações dadas nas últimas semanas por representantes de PT e PSDB. As duas
legendas se desentenderam em Recife, Fortaleza e Belo Horizonte. O ex-chefe da
Casa Civil defendeu que "divergências pontuais não podem atrapalhar a relação na
base de apoio da presidente Dilma". Considerou naturais os movimentos do PSB em
busca do crescimento partidário, mas frisou que o país "tem diante de si uma
crise econômica europeia, o que torna fundamental manter a unidade no plano
nacional".
Amaral gostou das conversas, embora reconheça que, num passado não
muito distante, o ex-chefe da Casa Civil criticou duramente os movimentos
expansionistas do presidente nacional do PSB, governador Eduardo Campos. "Meu
guru na política é Karl Marx, não Freud. Não sei se Dirceu reviu seus conceitos,
mas foi uma conversa boa e tranquilizadora politicamente", admitiu ao Correio o
vice-presidente Roberto Amaral.
Internamente, Dirceu avalia que, no caso do PSB, o PT acaba sofrendo
"com o monstro que ele próprio criou". Os petistas sempre enxergaram no partido
de Eduardo Campos uma legenda com potencial de crescimento para sufocar os
planos expansionistas do PMDB. Os dirigentes do PT sabiam que não era possível
apostar essas fichas no PCdoB, outro aliado ideológico. "O problema é que o PSB
começou a crescer para o lado do eleitorado do PT. Era natural que isso
acontecesse, mas muitos só se deram conta disso agora", completou uma pessoa
próxima ao ex-ministro.
Intervenções
Dirceu também conversa com frequência com caciques peemedebistas. O
principal interlocutor com o partido sempre foi o presidente do Senado, José
Sarney (PMDB-AP). O petista articulou o acordo com Sarney que impulsionou a
vitória nas eleições presidenciais de 2002. Também interveio diretamente para
assegurar a eleição do senador peemedebista para presidir a casa no biênio
2003-2004 sepultando as pretensões de Renan Calheiros (PMDB-AL) de ocupar o
posto.
Sarney, contudo, tem se afastado gradualmente das atividades
políticas, em convalescença após diversos problemas de saúde. Um dos principais
substitutos nessa conversa é o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE). Eunício foi o
primeiro peemedebista a assumir um cargo no ministério do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva. Em 2004, ele tornou-se ministro das Comunicações em
substituição ao pedetista Miro Teixeira (RJ).
O PMDB tem emitido sinais de preocupação quanto ao cumprimento do
acordo, por parte do PT, de que a Presidência da Câmara será de fato ocupada por
Henrique Eduardo Alves (RN) no biênio 2013-2014. Dirceu sabe que comprar uma
briga com o maior partido no Congresso não trará nenhuma vantagem para o
governo. Ele foi um dos principais defensores de que a legenda estivesse na base
de sustentação desde o início do primeiro governo Lula. Chegou a negociar com o
então presidente do PMDB, Michel Temer, uma indicação para o Ministério de Minas
e Energia. Acabou sendo surpreendido pela decisão de Lula de indicar a
"desconhecida" Dilma Rousseff para o cargo.
Um defensor no Senado
Dirceu e o ex-presidente Lula também têm uma dívida de gratidão com o
presidente do Senado, José Sarney. No auge do escândalo do mensalão, Sarney foi
uma das principais vozes na defesa do PT e de Lula. O senador foi fundamental
para diminuir a pressão política no Congresso. "Ele e Ciro Gomes (então ministro
da Integração Nacional) defenderam a gente quando muitos petistas nem sequer
tinham coragem de subir à tribuna para rebater os ataques", disse Lula, certa
vez, ao justificar o carinho que nutre por Sarney.
Correio Braziliense (DF) - 31/07/2012
PAULO DE TARSO LYRA
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Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
quarta-feira, 1 de agosto de 2012
MOVIMENTOS POLÍTICOS CALCULADOS DE DIRCEU
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