Ex-deputado federal e candidato à Prefeitura de São
Paulo, Celso Russomanno (PRB) é citado em um diálogo entre integrantes da
quadrilha comandada pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos
Cachoeira, como sendo detentor de R$ 7 milhões em uma conta operada pela
organização criminosa. A conversa foi interceptada pela Polícia Federal (PF),
com autorização da Justiça.
Nela, Alex Antônio Trindade, apontado pela PF como
o integrante do grupo responsável pela remessa de grandes valores para fora do
país, afirma a um interlocutor identificado apenas como Fábio que ele tinha um
contrato assinado com Russomanno e sabia que o montante em questão estava
disponível, sendo R$ 4 milhões em um cofre e os outros R$ 3 milhões na conta,
prontos para “serem transferidos”. O candidato do PRB está tecnicamente
empatado com José Serra (PSDB) à frente das pesquisas de intenção de voto.
As investigações mostram a proximidade de Alex
Antônio Trindade com Gleyb Ferreira da Cruz, homem de confiança de Cachoeira
encarregado de coordenar as transferências de recursos do bando de instituições
financeiras, brasileiras e internacionais, para empresas de fachada e
beneficiários da quadrilha. Gleyb foi preso durante a Operação Monte Carlo,
assim como o bicheiro, mas foi solto em junho.
Os agentes flagraram diversos contatos telefônicos
da dupla, em fevereiro, parte deles tratando de remessas de dólares para o
exterior. De acordo com a PF, Alex Antônio, Gleyb e Fábio chegaram a participar
de uma teleconferência, em que Fábio afirma ter o número de uma conta no México
e que “o dinheiro está em um cofre do banco”.
Na ocasião, ele pedia garantias
para não ser preso ao fazer um depósito. Em outro contato, Alex Antônio e Fábio
conversam a respeito de uma nova transação. Segundo a Polícia, Alex afirma que
Fábio estava se fazendo de desentendido, já que “o dinheiro usado na
transferência pertenceria ao deputado federal Celso Russomanno”.
As informações
constam no relatório da Superintendência da PF do Distrito Federal, relativo à
Operação Monte Carlo, que apurou as relações de Cachoeira e aliados com
políticos de diversas esferas e representantes de empresas privadas.
O
documento não esclarece, porém, qual é a origem do dinheiro nem para quem seria
depositado. Também não informa se Russomanno é considerado suspeito. Além do
monitoramento telefônico, a polícia interceptou mensagens eletrônicas enviadas
e recebidas por Gleyb, comprovando crimes contra o sistema financeiro nacional
e lavagem de dinheiro.
Estado de Minas (MG) - 31/07/2012
Gabriel Mascarenhas
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