Policiais federais e servidores da
Controladoria-Geral da União (CGU) recolheram documentos em uma ONG de
Jaguariúna (SP) que comprovariam desvios de recursos no Ministério do Esporte.
A entidade, dirigida pela ex-jogadora de basquete e vereadora Karina Valéria
Rodrigues (PCdoB), recebeu R$ 28,1 milhões para atender 18 mil crianças e
adolescentes, mas a CGU constatou que o dinheiro não foi aplicado de forma
adequada. Também foram constatados indícios de superfaturamento na aquisição de
alimentação, além de suspeita de uso de empresas fantasmas como fornecedoras.
Segundo relatórios da CGU, entre 2004 e 2010, a ONG
Pra Frente Brasil recebeu os recursos do Ministério do Esporte para usar dentro
do Programa Segundo Tempo. Porém, a controladoria constatou que o número de
crianças e adolescentes atendidos com atividades esportivas foi bem inferior
aos 18 mil informados pela entidade. Além disso, a ONG não comprovou ter
fornecido os serviços e materiais nas quantidades e qualidade que declaravam.
Conforme a CGU, não foram localizadas cerca de 1,5 mil bolas de futebol. Em
janeiro de 2011, o Correio mostrou que a organização não governamental da
ex-atleta era recordista no recebimento de recursos do Programa Segundo Tempo,
incluindo remessas liberadas a poucos dias das eleições do ano anterior. Karina
informou que todos os processos haviam sido aprovados pelos órgãos de
fiscalização, tanto federais quanto estadual.
A Operação Gol de Mão, que foi desencadeada ontem
pela Polícia Federal e pela CGU, e que teve a participação de integrantes do
Ministério Público, fez buscas na casa da ex-jogadora de basquete e em outras
cinco empresas fornecedoras da organização. Os investigadores suspeitam que
trata-se de firmas fantasmas, que possuem entre os sócios pessoas de uma só
família, ou estão com endereços de imóveis residenciais. Uma das sócias, por
exemplo, tinha idade avançada e, com 85 anos, dificilmente, segundo a CGU, estaria
à frente dos negócios.
Além disso, os
auditores da controladoria constataram diversas irregularidades na execução dos
contratos. Um deles foi no fornecimento de lanches para os atletas. Houve
pagamento antecipado aos fornecedores, enquanto que a distribuição do reforço
alimentar era menor que o previsto. As pessoas suspeitas de fraudes poderão
responder por irregularidades nas licitações, peculato e formação de quadrilha,
cujas penas variam entre dois e 12 anos de prisão.
Correio Braziliense (DF) - 01/08/2012
EDSON LUIZ
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