"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 1 de agosto de 2012

UMA FOTO PARA A HISTÓRIA DA IMPOSTURA E DELÍRIO MEGALONANICO

 

Depois de golpe no Paraguai, Dilma, Mujica e Cristina comemoram ingresso do ditador Chávez (Foto: Ed Ferreira/AE)

Luiz Inácio Apedeuta da Silva dava a impressão de saber tudo, mas tendia a delegar decisões nas áreas em que sabia que não sabia. Dilma Rousseff, nesse particular, é mais temerária. É menos falastrona, sim, do que o antecessor, mas, atenção para o sentido das palavras!, ela ignora o quanto não sabe. No caso do Mercosul, seu voluntarismo vai além da imprudência já conhecida do Itamaraty nos tempos petistas.

No alto, vemos a foto que celebra a entrada da Venezuela no Mercosul, uma decisão flagrantemente ilegal, que viola a essência do tratado. Uma foto para entrar para a história da importura. O Paraguai está suspenso, mas continua membro do grupo. Dilma Rousseff e Cristina Kirchner deram um golpe naquele país. Olhem lá: um tiranete perigoso (Hugo Chávez), uma doida que agora convoca presidiários para seus comícios e que marcha para o fascismo dos pampas (Cristina Kirchner), um esquisitão que pretende estatizar a maconha (José Mujica, presidente do Uruguai) e… Dilma Rousseff.

Abaixo, vocês leem trecho de reportagem de Lisandra Paraguassu, Tânia Monteiro e Rafael Moraes Moura, no Estadão. Dilma parece estar entrando na fase de negação da realidade. O Mercosul do Caribe ao extremo sul das Américas é só um delírio megalonanico. É “megalo” porque pretende emprestar à coisa uma grandeza que não terá. E é “nanico” porque há nisso a ambição de rivalizar com os Estados Unidos.

Há também um problema de lógica. Se a cláusula do Mercosul impede que seus membros celebrem acordos bilaterais fora dos interesses dos bloco, os potenciais candidatos teriam de fazer uma escolha, abrindo mãoe dos acordos já celebrados. Caso pudessem conciliar as duas coisas, por que isso não valeria também para os antigos integrantes? Nesse caso, então, um Mercoul do Caribe para baixo seria o mesmo que Mercosul nenhum. Leiam trecho de reportagem do Estadão:

*
Quatro presidentes anunciaram nesta terça-feira, 31, em Brasília que o Mercosul agora tem cinco integrantes. Questionado sobre o peso da ausência do Paraguai na ampliação, o líder do mais novo membro do bloco, Hugo Chávez, disse que não houve oportunismo político no ingresso venezuelano. O país passou a integrar o grupo só depois da suspensão paraguaia, sob alegação de que o impeachment do presidente Fernando Lugo, há 40 dias, contrariou uma cláusula democrática do bloco.

Questionado pelo Estado se a Venezuela não havia aproveitado uma brecha para ingressar no Mercosul, Chávez respondeu: “De maneira nenhuma. Suponha que, em um jogo de futebol, suspenderam o Pelé por uma falta e deram-lhe cartão vermelho. E aí o Brasil não pode marcar os gols necessários para ganhar uma partida. E alguém diz, ‘Mas o Pelé não jogou’. Bom, o Pelé estava suspenso. O Paraguai está suspenso, não é parte do Mercosul agora”, disse.

Em um encontro fechado de quase duas horas, a presidente Dilma Rousseff e seus colegas do Uruguai, José Mujica, da Venezuela, Chávez, e da Argentina, Cristina Kirchner, discutiram os próximos passos da integração venezuelana e a situação paraguaia. Dilma aproveitou para reforçar sua intenção de ampliar cada vez mais o Mercosul – uma ideia que ganhou apoio explícito de José Mujica.

Apesar dos empecilhos jurídicos, Dilma quer discutir uma forma de atrair novos membros fortes para o Mercosul, de olho especialmente em Colômbia, Chile e Peru. Os três trariam mais de US$ 1 trilhão ao Produto Interno Bruto do bloco. No entanto, todos têm hoje acordos de livre comércio com os EUA, o que impede sua entrada no Mercosul.

“O que podemos examinar é se podemos criar mecanismos que aprofundem a possibilidade de países que não estão formalmente nas normas do Mercosul possam estar”, afirmou o assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia.

Para o Itamaraty, juridicamente, essa mudança é impossível. Entre os presidentes, no entanto, essa impossibilidade não é tão categórica. Em seus discursos, a entrada venezuelana foi tratada como uma questão de sobrevivência econômica do bloco – dando a entender que ocorreria de qualquer forma, e não é consequência direta da suspensão paraguaia.
“O que não cresce, perece. Estamos obrigados a buscar uma incidência maior do que a de hoje”, defendeu o presidente uruguaio. “Temos de buscar formas inteligentes de incorporar. Temos de abrir a cabeça, porque quando a coisa está demasiadamente fechada, rígida, cheia de regras, não funciona.”

“Há tempos desejamos um Mercosul ampliado em suas fronteiras e com capacidades acrescidas”, afirmou Dilma. “Foi com esse propósito que assinamos, em 2006, o Protocolo de Adesão da Venezuela ao Bloco, instrumento que entrará em vigor formalmente no dia 12″, completou. Os candidatos hoje a uma vaga no Mercosul são Bolívia, Equador, Suriname e Guiana. Juntos, os quatro países acrescentariam apenas US$ 200 bilhões ao PIB do bloco. Dilma gostaria, também, de mercados mais ativos.

“O governo brasileiro, assim como os demais países que integram o Mercosul, apresentaram com toda a clareza nossa visão no que se refere à situação no Paraguai. O que moveu a totalidade da América do Sul foi o compromisso inequívoco com a democracia”, afirmou. “Nossa perspectiva é que o Paraguai normalize sua situação institucional interna para que possa reaver seus direitos plenos no Mercosul”.
(…)

01 de agosto de 2012
Por Reinaldo Azevedo

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