"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 1 de agosto de 2012

HISTÓRIAS DO JORNALISTA SEBASTIÃO NERY

O Brasil não nasceu em 80


Hélio Ramos, saudoso e exemplar deputado federal da Bahia, foi o único político do PSD que falou no comício de 13 de março de 64, na Central do Brasil. E por isso foi o único pessedista brasileiro na lista dos primeiros 100 cassados do Ato Institucional de 9 de abril.

Cassado e engenheiro, Hélio foi trabalhar no Rio. Procurou o presidente do Banco Econômico, amigo dele, para uma pequena e urgente operação de financiamento. O banqueiro o recebeu calorosamente e o mandou para um diretor. Dias e dias depôs, sem nenhuma decisão, o diretor lhe confessou:

- Deputado, nosso presidente já teve oportunidade, durante muitos anos, de fazer os amigos que podia fazer. Hoje, nós, diretores do banco, entendemos que ele deve operar é com os adversários, para ampliar a área.

Hélio ouviu e saiu.

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HÉLIO RAMOS

Um mês depois, viajando para São Paulo, Hélio encontrou no avião o diretor do banco, sempre todo gentil:

- Deputado, que bom! Estava precisando telefonar para o senhor. Nosso presidente quer muito falar com o senhor.

- Sinto muito, meu caro, mas não posso. Gostei daquela sua tese de que, nos negócios, a gente, para ampliar a área, deve procurar os adversários. Procurei o Carlos Lacerda, com quem nunca mais tinha falado e que, como você sabe, deixou o governo da Guanabara e está dirigindo empresas. Resolveu meu problema no mesmo dia e ainda me convidou para diretor de seu grupo.

- Não é possível, deputado. Logo o Lacerda? Incrível.

- Pois é. Estamos associados e fazendo muitas coisas. Incrível, não? Felizmente. Muito obrigado por seu conselho, sua lição.

Hélio foi diretor do grupo de Lacerda até Lacerda morrer.

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PETROBRAS, 10 ANOS

Há quase 50 anos, em 3 de outubro de 63, a Petrobras fazia 10 anos. Já era o que Volta Redonda tinha sido até então: o grande e principal símbolo econômico da Nação, a alma do Brasil nacionalista e soberano.

Em frente ao teatro Castro Alves, no Campo Grande, em Salvador, diante de uma enorme torre de petróleo, o Sindicato dos Trabalhadores do Petróleo da Bahia (Sindipetro), presidido pelo deputado federal do Partido Socialista, Mário Lima, prometeu um grande comício nacional.

Lembro-me bem. Estavam presentes o ministro do Trabalho, Amaury Silva, os governadores Lomanto Júnior, da Bahia, Miguel Arraes, de Pernambuco, Seixas Doria, de Sergipe, o líder do PTB Almiro Afonso, o presidente da empresa Francisco Mangabeiras, senadores Antonio Balbino e Josafá Marinho, o consultor-geral da República Waldir Pires, deputados de todos os partidos, e as principais lideranças sindicais do País.

Foram mais de 50 mil pessoas na inesquecível festa da Petrobras.

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PETROBRAS, 50 ANOS

Em 2003, a Petrobras fez 50 anos. Em meio século, tornara-se a mais poderosa empresa nacional e da América Latina, e uma das mais importantes do mundo, sinônimo maior da criatividade e do trabalho do povo brasileiro.

Nas televisões, rádios, revistas e jornais, a Petrobras fez uma bela campanha publicitária para mostrar ao povo brasileiro o significado, a força e a esperança dessa vitória nacional de meio século.

E, por feliz coincidência, o cinquentenário estava sendo comemorado quando pela primeira vez um operário era presidente da República e seu Partido dos Trabalhadores estava no poder, era o poder.

Mil razões, portanto, para o governo do PT fazer uma festa nacional. Mas não fez nada. uma omissão inexplicável. No poder, o PT esqueceu que nasceu do trabalho, não do capital.

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